ES* En sus orígenes, la iglesia de São Pedro de Cête, ubicada en la zona metropolitana de Oporto, formó parte de un convento románico, si bien hoy es uno de los más bonitos ejemplos de una transición armónica de este estilo al gótico.

PT*  Em suas origens, a igreja de São Pedro de Cetê, localizada na zona metropolitana da cidade do Porto, fez parte de um convento românico. Hoje é um dos mais belos exemplos de uma transição harmônica desse estilo ao gótico.

Canal Patrimonio Flumen Durius

ES*  La iglesia de São Pedro de Cête fue levantada entre finales del siglo XIII y el primer cuarto del siglo XIV en el concelho de Paredes (zona metropolitana de Oporto) por iniciativa del abad Estevão Anes, conforme reza la inscripción de su túmulo funerario emplazado en la capilla mayor. El edificio debe ser entendido, con todo, como un episodio más de la historia del enclave, cuya dedicación religiosa está atestiguada desde inicios del siglo X. En esta época fue fundado su monasterio, habiendo constancia además de la existencia ya en 985 de una basílica consagrada a San Pedro. El arranque del siglo XII trajo consigo grandes mudanzas para el cenobio, que fue distinguido por doña Teresa (madre del primer rey portugués, don Afonso Henriques) con una Carta de Coto, acogido por la regla de San Benito y vinculado a los linajes señoriales de la región, como era usual en aquella época.

Desde el punto de vista arquitectónico la iglesia de São Pedro de Cête evidencia una armoniosa conjunción de elementos románicos y góticos datados entre los siglos XIII y XIV. Del antiguo edificio románico permanecen las cimentaciones de los muros de la nave y la portada sur de acceso al claustro, con un tímpano de extrema simplicidad. De la campaña gótica resultaría la reconstrucción de la capilla mayor, la ampliación de la nave y la remodelación integral de su fachada principal, si bien aplicando en todas ellas soluciones estilísticas propias aún del románico. Entre ellas podríamos citar el uso de arcadas ciegas en la cabecera del templo o la aplicación de perlas decorativas en las arquivoltas de arco apuntado de la portada principal.

También destacan la propia iluminación del interior de la iglesia, alimentada sutilmente por un rosetón central y algunas aspilleras abiertas a lo largo de la nave, o el arcosolio emplazado en el lado norte de la nave, en el que, reparando atentamente en su interior, se descubrirá una pintura mural del siglo XVI con la representación de San Sebastián con las flechas clavadas en el cuerpo.

Durante los siglos XV y XVI se asiste a otra importante reforma en el edificio, imbuida ahora por los preceptos del estilo manuelino. De esta vez las obras se centraron en la reforma de la sala capitular, el claustro y la torre, que sería reforzada con un robusto contrafuerte. El interior del templo sería también enriquecido, en especial la capilla funeraria del noble don Gonzalo Oveques, a quien la tradición atribuye la fundación del monasterio. Sus paredes serían revestidas en este momento de azulejos hispano-moriscos, su bóveda reformulada y su arcosolio decorado con motivos vegetales.

En el año 1551 el monasterio fue anexado al Colégio da Graça dos Ermitas de Santo Agostinho de Coimbra, abandonando así la regla benedictina. Al abrigo de la nueva situación, el edificio fue ornamentado con imágenes de San Pedro, Santa Lucía y Nuestra Señora de las Gracias, ejecutadas con piedra de Ançã, de origen coimbrã, y con las ya referidas pinturas murales.

Ruina

El tiempo, con todo, continuaba su discurrir y a veces no siempre es generoso. En el año 1758 hay constancia de que el monasterio se encontraba ya en completo estado de ruina, aunque su templo seguiría funcionando como iglesia parroquial. De hecho, a ella acuden aún hoy miles de fieles el día 3 de mayo, festividad de la invocación de la Santa Cruz, a honrar la reliquia de la Vera Cruz cobijada en su interior.

Desde finales del siglo XIX y, sobre todo, durante la primera mitad del siglo XX, el viejo recinto monacal fue objeto de profundas obras de restauración, algunas de ellas muy intrusivas, empeñadas en recuperar su hipotética imagen original. Desde el año 1998 la Igreja de São Pedro de Cête forma parte de la Rota do Românico, erigiéndose como uno de los ejemplos más relevantes para la comprensión de la transición entre los estilos románico y gótico en el norte de Portugal.

PT*  A igreja de São Pedro de Cête foi construída entre finais do século XIII e o primeiro quartel do século XIV por iniciativa do abade D. Estevão Anes, conforme reza a inscrição do seu túmulo funerário localizado na capela-mor. O edifício deve ser entendido, todavia, como apenas mais um episódio da história do sítio, cuja vocação religiosa está atestada desde inícios do século X, altura em que seria fundado o seu mosteiro, havendo ainda a referência à existência já em 985 de uma basílica consagrada a São Pedro. O arranque do século XII trouxe consigo várias mudanças para o cenóbio: foi agraciado por D. Teresa com uma Carta de Couto, acolheu a regra de São Bento e os hábitos clunienses, estando a sua história intimamente ligada com as linhagens senhoriais da região, uma situação recorrente nesta época.

Do ponto de vista arquitetónico, a Igreja de São Pedro de Cête evidencia uma harmoniosa conjugação de elementos românicos e góticos datados entre os séculos XIII e XIV. Do antigo edifício românico permanecem os embasamentos dos muros da nave e o portal sul dotado de um simples tímpano e que dá acesso ao claustro. Da campanha gótica, resultou a reconstrução da capela-mor, a ampliação da nave e a remodelação integral da sua fachada principal, se bem que em todas estas obras se podem assinalar soluções estilísticas ainda características do românico. Entre elas, podemos referir o recurso a arcadas cegas na cabeceira do templo ou a aplicação de pérolas decorativas nas arquivoltas de arco apontado do portal principal.

Podemos ainda aludir à própria iluminação do interior da igreja, conseguida através de uma rosácea central e de algumas frestas abertas ao longo da nave; ou ao arcossólio implantado na parede norte da nave, em cujo intradorso se descobre uma pintura mural do século XVI com a representação de São Sebastião cravejado de flechas.

Durante os séculos XV e XVI, assiste-se a uma outra importante campanha no edifício, agora imbuída nos preceitos do estilo manuelino. Desta vez, as obras centraram-se na reforma da sala do capítulo, do claustro e da torre, esta última reforçada com um robusto contraforte. O interior do templo também seria enriquecido, especialmente a capela funerária do nobre D. Gonçalo Oveques, a quem a tradição atribui a fundação do mosteiro. Nesta fase, as suas paredes seriam revestidas com azulejos hispano-mouriscos, a sua abóbada reformulada e o seu arcossólio decorado com motivos vegetalistas.

Em 1551 o mosteiro foi anexado ao Colégio da Graça dos Ermitas de Santo Agostinho de Coimbra, abandonando assim a regra beneditina. É ao abrigo desta nova ordem que é dotado das imagens de São Pedro, Santa Lúcia e Nossa Senhora da Graça, executadas com pedra de Ançã, de origem coimbrã, e das já referidas pinturas murais.

Ruína

O tempo, contudo, não para e o seu curso nem sempre é generoso. Em 1758 refere-se que o mosteiro se encontrava já em avançado estado de ruína, ainda que o seu templo continuasse a funcionar como igreja paroquial. A ela, todavia, ainda acorriam os fiéis no dia 3 de maio, dia da invocação de Santa Cruz, devido a uma relíquia do Santo Lenho que o seu interior guardava.

Desde finais do século XIX e, sobretudo, durante a primeira metade do século XX, o velho recinto monacal foi objeto de profundas obras de restauro, algumas delas muito intrusivas, empenhadas em recuperar a sua suposta imagem original. Desde 1998, a Igreja de São Pedro de Cête integra a Rota do Românico, assumindo-se como um dos exemplares mais relevantes para a compreensão da transição entre os estilos românico e gótico no Norte de Portugal.